Os utentes ingleses pagam pela água privada mais 2,3 mil milhões de libras do que pagariam caso este serviço fosse público.
De acordo com um estudo da Universidade de Greenwich, cada família poderia poupar cem libras (cerca de 114 euros) por ano, se a água fosse renacionalizada.
O relatório, divulgado no início de Junho, refere que desde a privatização, efectuada por Margaret Thatcher em 1989, as facturas domésticas subiram 40 por cento acima da inflação.
Os nove operadores regionais da Inglaterra não investiram praticamente nenhum capital próprio, porém, têm drenado a quase totalidade dos lucros sob a forma de dividendos.
Nos últimos dez anos três dessas empresas, a Anglian, a Severn Trent e a Yorkshire, pagaram em dividendos um montante superior ao total de lucros antes de impostos.
Com a quase totalidade dos lucros alocada ao pagamento de dividendos aos accionistas, as empresas endividaram-se para custear a manutenção e investimentos nas redes. A dívida, praticamente inexistente em 1989, ascende já a 40 mil milhões de libras.
Segundo os autores do estudo, Kate Bayliss e David Hall, a reversão das privatizações permitiria poupar 2,3 mil milhões de libras por ano, evitando-se o pagamento de 1,8 mil milhões de libras em dividendos e 500 milhões em encargos com a dívida.
Mesmo se o governo tivesse de pagar uma indemnização de 20 mil milhões aos privados, a nacionalização permitiria poupar cerca de 11 por cento dos custos actuais.
As poupanças poderiam ser utilizadas para reduzir tarifas, realizar investimentos ou reduzir a dívida, proporcionando vantagens ao nível do controlo democrático, já que as decisões seriam públicas e sujeitas à transparência e acessibilidade da informação.